Em tempos de hiperconectividade e uso intenso de dispositivos eletrônicos, o debate sobre a restrição do uso de celulares nas escolas brasileiras tem ganhado espaço e relevância. Uma pesquisa recente da consultoria Nexus – Pesquisa e Inteligência de Dados, com sede em Brasília, mostra que 86% dos brasileiros apoiam algum tipo de limitação quanto ao uso desses aparelhos nas instituições de ensino. Esse dado se desdobra em 54% da população defendendo a proibição total dos celulares, enquanto 32% acreditam que o uso deve ser permitido apenas em atividades pedagógicas, com autorização dos professores. Apenas 14% dos entrevistados são contrários a qualquer restrição.
A questão do uso de celulares em escolas não é apenas uma preocupação local. É um reflexo de um debate global sobre como equilibrar o acesso às tecnologias com a manutenção da atenção, do foco e das interações humanas. De acordo com especialistas, enquanto os dispositivos oferecem inegáveis benefícios pedagógicos, eles também podem trazer desafios, como a distração excessiva e a falta de interação social genuína.
Em meio a esse cenário desafiador, o Porto Seguro protagoniza uma iniciativa inovadora, chamada de Porto Disconnect. Criado em 2019, o projeto foi desenvolvido para incentivar os alunos a se desconectarem dos dispositivos eletrônicos durante os intervalos, participando de atividades recreativas, culturais e esportivas que promovem o bem-estar e a interação presencial.
A diretora institucional educacional do Colégio, Meire Nocito, enfatiza a importância dessa desconexão intencional: “O Porto Disconnect nasceu da necessidade de oferecer aos nossos alunos uma alternativa ao uso constante de dispositivos eletrônicos. Queremos que eles aproveitem os intervalos para interagir com os colegas, fortalecendo a empatia, a amabilidade e a convivência saudável”.
Em 2024, as ações do projeto passaram a ser realizadas com uma frequência ainda maior, incluindo atividades semanais. Os alunos participam de jogos, oficinas de arte, práticas esportivas e momentos de convivência que estimulam a interação e a formação de vínculos duradouros. Uma pesquisa realizada pelo próprio Colégio com estudantes do Ensino Fundamental II mostrou que 72,5% dos alunos já participam dos intervalos off-line, o que indica a importância desse momento para a construção de relações interpessoais.
“Essas atividades não são apenas momentos de lazer; são oportunidades para que os alunos desenvolvam competências socioemocionais essenciais para a vida, como a empatia, a colaboração e o trabalho em equipe”, afirma Nocito. “A iniciativa reflete nosso compromisso em oferecer um ambiente escolar que prepare os estudantes para os desafios da vida moderna, fortalecendo sua capacidade de construir relacionamentos saudáveis e de se adaptar a diferentes contextos sociais”, completa.